Andreas Gal (REPRODUÇÃO) |
Rennan Setti, no O Globo
RIO - Depois de ter desafiado a Microsoft no segmento de navegadores ao criar o Firefox, há 11 anos, a Mozilla quer agora duelar com o Android, da Google. A organização sem fins lucrativos lançou no Brasil na terça-feira seu sistema operacional para celulares, o Firefox OS. Segundo o vice-presidente de mobilidade da fundação, Andreas Gal, o software tem como forte o fato de ser o único realmente aberto do mercado, já que “o Android é tudo menos aberto.”
— O Android é muito diferente do quê a gente vem fazendo. A Google gosta de associar o sistema ao movimento open-source mas, na verdade, ele é tudo menos aberto. A tecnologia Android pertence completamente à Google. É a empresa que decide quais tecnologias estarão no sistema, e o código-fonte só e liberado depois que uma nova versão do sistema é lançada — afirma o executivo da Mozilla, cuja sede fica a poucos quilômetros do Googleplex, em Mountain View. — Somos diferentes porque não estamos em busca de lucros. Não temos acionistas, nossos acionistas são os usuários.
De acordo com Gal, o que define o Firefox como aberto é o fato de absolutamente qualquer pessoa ou corporação poder contribuir para a construção do código, sejam os engenheiros da Telefônica, governos ou um adolescente com noções de programação. Além disso, o sistema permite a instalação de aplicativos diretamente da web, sem a necessidade de que sejam submetidos a uma loja de aplicativos.
Na opinião de Gal, só a web é capaz de suprir satisfatoriamente a demanda dos usuários por conteúdo. Ele repete uma conta: enquanto existem 8 milhões de desenvolvedores de aplicações para web, há apenas algumas centenas de milhares trabalhando na criação de softwares para sistemas como o iOS (do iPhone).
— Por que alguém do Brasil se submeteria a alguém de Cupertino (sede da Apple) ou de Mountain View para selecionar seu conteúdo? Em uma das primeiras vezes que estive no Brasil, comprei um telefone Android para experimentar como é o sistema aqui. Quando fui a loja de aplicativos, ficou claro pra mim que ela é gerida por uma empresa americana. A loja tinha todos os apps importantes... se você mora na Califórnia — disse o executivo, que é alemão e foi um dos criadores do Boot to Gecko, que se transformaria no Firefox OS.
O Firefox OS chegou ao Brasil por meio de uma parceria com a Vivo, cujas lojas estão vendendo smartphones equipados com o sistema, o LG Fireweb e o Alcatel Onetouch Fire. Segundo Gal, o país está entre os mais importantes dos dez onde o software foi lançado:
— O lançamento aqui não é qualquer um para nós, é muito especial. Estamos buscando um público que esteja fazendo a transição do celular antigo (feature phone) para smartphone, e o Brasil reúne esses consumidores. Muitas das características do sistema foram criadas pensando em brasileiros.
Segundo Gal, representantes da Mozilla vieram diversas vezes ao país nos últimos dois anos para, em parceria com a Telefônica/Vivo, aprender sobre o mercado local. Entre as funções “brasileiras” do Firefox OS, disse ele, é uma que mede quantos dados já foram consumidos, “importante para os clientes de planos pré-pagos” — embora, a bem da verdade, mesmo o elitista iPhone faça isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário