"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

2014, futebol e gestão

Se Laurentino Gomes [autor de 1808 e 1822, em breve 1889] fosse escrever um livro sobre 2014, como seria? Bem, não acredito que seria sobre nenhum resumo apocalíptico tal qual o filme 2012, já que estamos falando de números, ou pelo menos quero acreditar que não haverá nenhum cataclisma se as obras para a copa de 2014 não forem concluídas no prazo e principalmente no custo esperado.

Em 2007 tivemos a experiência de sediarmos os jogos PAN-Americano, que tiveram graves problemas do ponto de vista do planejamento e da gestão do projeto. Segundo o ministro do Esporte, na época, Orlando Silva Júnior, o projeto de candidatura do Rio de Janeiro ao Pan-2007 foi "malfeito" e por isso o orçamento do evento estourou, disse ele:

"O projeto tinha o orçamento nitidamente subestimado. Foi uma limitação grave no planejamento. Fala-se muito do crescimento do orçamento, mas é que o projeto (da candidatura) foi malfeito".

O que pode nos levar a acreditar que 2014 será diferente? Seremos 12 cidades sedes e uma delas é na minha terrinha, e vejam o que temos pronto até agora da arena da copa em um terreno de 50 hectares:


Terreno de 50 hectares da Arena Recife sem sinal de obras
Arena da Copa 2014 em Recife - Fonte: Portal2014
Nem sempre as falhas são no planejamento, como foi em 2007 no PAN-Americano como frizou o então ministro Orlando Silva Junior,  mas na execução e monitoramento das ações. No Brasil ainda temos o agravante da burocracia, um exemplo da burocracia foi um projeto simples no Rio de Janeiro como o da Baixada Digital teve seus prazos e custos estourados, o que podemos falar de um projeto de alto risco, custo e complexidade como sediar uma copa do mundo em 12 cidades sedes. 

Em Recife, uma das sedes, não temos transporte público de qualidade, não temos uma estrutura viária que comporte o tráfego diário de automóveis que já temos hoje, não temos infra-estrutura tecnologica de qualidade ainda. Existem obras, é fato, mas não na velocidade e quantidade suficientes para acreditarmos que tudo sairá conforme o previsto. O pior é que tem gente mais preocupado com a qualidade de transmissão dos dados na banda larga móvel, do que com o que de fato fará a copa acontecer, mas neste quesito [3G] ficamos apenas à frente de Salvador, que tem a pior conexão das cidades sedes.

Segundo Kaplan e Norton, idealizadores da ferramenta de gestão Balanced Scorecard, o problema de não se alcançar os resultados esperados, na maioria das vezes, não está no planejamento mas na execução do que foi planejado, perdendo o foco ao longo do processo, principalmente em projetos de longo prazo. É necessário um acompanhamento efetivo para que os marcos dos projetos, a qualidade, o custo e o prazo sejam cumpridos dentro do que foi planejado.

Mas estes problemas não são exclusividade dos projetos de engenharia e afins, os projetos tecnológicos ainda possuem taxas de insucesso entre 65 a 75%, ou seja, comprometem um ou mais pilares como o custo, prazo ou qualidade do projeto ou simplesmente são abortados por não mais atenderem aos seus contratantes.
Temos muito o que aprender com os eventos esportivos que o pais sediou e ainda sediará, assim fica a sugestão para uma trilogia em Gerência de Projeto 2007 [PAN-Americano], 2014 [Copa do Mundo] e 2016 [Olimpíadas].

Até a próxima!

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