"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Você ainda vai querer receber spams

publicado originalmente na Época

Pesquisador da área de tecnologia faz previsões sobre como a informática vai evoluir nos próximos cinco anos. E arrisca: a tecnologia inteligente vai fazer você receber apenas spams úteis

No futuro, a exclusão digital será erradicada, pessoas vão gerar energia andando de bicicleta, e computadores vão conseguir ler mentes. Parecem previsões ousadas ou difíceis de acontecer? Não é o que pensa o especialista em novas tecnologias Cézar Taurion, que conversou com ÉPOCA sobre as previsões para os próximos cinco anos em termos de tecnologia.

Taurion apresenta a sexta edição de um estudo da IBM que analisa as tecnologias atuais e tentar se adiantar aos avanços tecnológicos nos próximos anos. "Não é futurologia. Essas coisas já estão acontecendo", diz. Em edições anteriores, por exemplo, o projeto já previu o boom de smartphones e o uso de celulares no lugar do cartão de crédito, que começam a se tornar realidade.
"Ao longo do ano, fomos a laboratórios, conversamos com pesquisadores e cientistas, e sintetizamos essas informações em um conjunto de tecnologias que acredito que estarão sendo aplicadas nos próximos cinco anos", explica Taurion. Algumas tecnologias parecem prováveis, como a substituição de senhas por recursos biométricos, como íris e impressão digital. Outras são mais ousadas, como o avanço na interface entre cérebro e computadores, permitindo o desenvolvimento de games que possam ser jogados pela força do pensamento.
Confira, abaixo, as cinco previsões do estudo "Five in five", da IBM.
O fim da exclusão digital 

Celular Galaxy Samsung com aplicativo da Época (Foto: Reprodução)
Segundo Taurion, a previsão mais provável de se mostrar verdadeira é a que diz que, nos próximos cinco anos, praticamente não vai mais existir exclusão digital. "Em cinco anos, um smartphone vai ter pelo menos oito vezes a capacidade que tem hoje, e o resultado disso é que os aparelhos de menor capacidade ficam mais baratos, popularizando a internet móvel", afirma.
A pesquisa prevê que nos próximos cinco anos 80% da população mundial vai acessar a internet por meio de telefones celulares. A afirmação parece óbvia para países desenvolvidos ou mercados emergentes como o Brasil, mas, segundo Taurion, já estão em curso processos de inclusão digital em regiões mais pobres, como no interior da Índia ou em países africanos. A popularização de tecnologias de geração de energia, a segunda previsão do estudo, é crucial nesse processo.
Você vai gerar sua própria energia 
Homem anda de bicicleta (Foto: sxc.hu)

Um dos grandes desafios para os próximos anos está na questão energética: como reduzir a dependência do petróleo e de fontes de geração extremamente poluentes, como o carvão. Segundo o estudo, uma tendência é permitir que situações cotidianas, como correr, andar de bicicleta ou lavar roupa, possa também gerar energia.
"Imagine colocar uma bateria na sua bicicleta. Enquanto você passeia, essa bateria armazena a energia, que pode ser usada depois em um eletrodoméstico, por exemplo", diz Taurion. Segundo o pesquisador, muitas das nossas atividades geram energia, que poderia ser armazenada e utilizada para carregar celulares ou computadores.
Claro que não será suficiente para resolver os problemas de energia do mundo. Mas, segundo Taurion, pode ajudar a reduzir a demanda, economizando entre 2% e 3% da energia usada em casa hoje e, consequentemente, barateando as contas no final do mês.
Você nunca mais vai mais esquecer suas senhas 
Uso de biometria como senha é uma das previsões da IBM (Foto: sxc.hu)

Se a terceira previsão da IBM se concretizar, ninguém terá mais problemas para memorizar senhas de e-mails, redes sociais ou cartão de crédito. As senhas não serão mais necessárias.
Com a importância crescente dos smartphones, que vão armazenar dados pessoais e serão usados até para fazer pagamentos e compras, como se fosse um cartão de crédito, o risco de usar uma senha fácil de ser violada é muito alto. Por isso, a tendência é o desenvolvimento de tecnologias biométricas para garantir a autenticidade da pessoa que está tentando acessar os dados.
"A tecnologia vai juntar uma série de características biométricas para dizer que você é você", diz. Ou seja, no futuro, o uso de reconhecimento de voz, aliado ao reconhecimento da face, da íris e da impressão digital serão necessárias para acessar contas de e-mail ou cartão de crédito, substituindo as senhas. 
Você vai querer receber spams 
Laptop, internet (Foto: scx.hu)

Aquelas mensagens insuportáveis, que lotam as caixas de e-mails de todos com informações irrelevantes para a sua vida, também estão com os dias contados. O uso de sistemas inteligentes para filtrar as informações vão fazer chegar a sua caixa postal só spams de temas que já lhe interessam.
"Cada pessoa tem seus próprios interesses. Dizemos o que é importante diariamente, nas compras que fazemos, no que falamos nas redes sociais. A tecnologia vai identificar essa informação e dar um sentido para isso", diz Taurion.
Computador que lê pensamento já não é ficção... 
Cientistas preveem que computadores conseguiram ler a mente (Foto: sxc.hu)

A última previsão talvez seja a mais difícil de se concretizar. Mas estudos indicam que já não é ficção: a tecnologia vai permitir interagir com o computador usando apenas a força do pensamento.
A ideia é usar dispositivos para captar a atividade elétrica do cérebro e permitir a interação da mente com o computador. Já existem pesquisas nesse sentido, principalmente para aplicação na área médica: pessoas com dificuldades motoras poderiam usar esses dispositivos para interagir com o mundo, substituindo membros ou sentidos, por exemplo.
Uma aplicação possível dessa tecnologia seria na área de games. Assim como hoje existem consoles que permitem jogar usando o movimento do corpo, no futuro poderemos ver o desenvolvimento de um game que funcione totalmente pelo cérebro. "Estamos vendo os primeiros passos nessa direção. Pode ser que, daqui a algum tempo, isso se torne comum", diz.

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